Inês Borges
2 min readApr 1, 2024

Escuto “Have Yourself A Merry Little Christmas” como se não fosse uma música de Natal.
Tenho dificuldades em acordar antes das 9h da manhã se não tenho obrigações. (Acho que essa é uma sequela da depressão que a medicação nunca resolveu, esse sono constante e a vontade de dormir por 12 horas seguidas.)
Ainda não sei lidar com meu temperamento de “From Eden” e “Someone New”.
Ainda me afasto de quase todo mundo e guardo mágoas de quem se afasta de mim.
Ainda me sinto muito jovem.
Tenho 23 anos, uma formação, um emprego — não dentro da minha formação — e me sinto mais bonita do que quando era mais nova.
Tenho 2 cachorros e muitos gatos, muitos gastos também.
O capitalismo tem me comido viva. E às vezes acordo chorando depois de sonhar que nunca vou conseguir dar uma casa para minha mãe.
Ainda não aprendi a falar inglês e não faço aulas de canto, mas pelo menos comprei um aspirador de pó. Quem sabe este ano consiga trocar o forro da cozinha.
Não somos mais amigas. Isso é engraçado, a única pessoa que achei que ficaria para sempre não está mais aqui. E o pior talvez seja essa sensação de que esse era o melhor que poderia ter nos acontecido.
Meu destino está sempre nas mãos dos meus erros, mas eu estou bem com isso, porque eu vivo do jeito que faz sentido pra mim.

Inês Borges

jogando meu corpo no mundo enquanto escrevo sobre as cenas que aparecem na minha cabeça e existo nesse Brasil estranho